Olá, imparável. Salve Maria. Tudo bem?

Já aconteceu com você de tirar férias e, quando volta, sentir aquele desânimo?

Ou os seus dias estão parecendo uma montanha-russa de altos e baixos?

Pode ser que a ciência tenha uma explicação para lhe dar.

Sociedade do prazer.

A psiquiatra Dra. Anna Lembke, em “Nação Dopamina”, diz que a sociedade moderna busca o prazer acima de tudo. É a lei do “faça o que te faz bem”. Parece não haver limites.

É a busca pelo prazer e por evitar qualquer dor.

Isso afeta a educação dos filhos. Os pais temem que limites possam causar traumas.

Não se pode sentir qualquer desconforto. A demora do garçom em trazer um copo de gelo é intolerável.

A pessoa trabalha muito por mais liberdade e bens. Tem passeios melhores, tecnologias novas e um plano de saúde melhor. Mas, mesmo assim, sente-se infeliz.

“Não é bom comer muito mel nem buscar glória sobre glória.” (Provérbios 25, 27)

Será que a busca constante pelo prazer não é a causa do nosso sofrimento?

Cientistas descobriram que o sofrimento e o prazer são processados em áreas do cérebro que se sobrepõem. Agem como uma gangorra na qual o sofrimento e o prazer estão conectados.

A gangorra do sofrimento e prazer.

O prazer que sentimos é gerado em nosso cérebro pelo nosso sistema de recompensa (gratificação), além de outros fatores.

As principais células funcionais do nosso cérebro são os neurônios. Eles se comunicam por sinais elétricos e neurotransmissores.

Um dos principais neurotransmissores do sistema de gratificação é a dopamina. “A dopamina pode desempenhar uma função maior na motivação para se conseguir uma gratificação do que o prazer da própria gratificação. Querer mais do que gostar.” Exemplo: a pessoa pode ter mais satisfação em tentar conseguir um aumento do que prazer quando consegue o aumento.

A dopamina é usada para medir o potencial de um comportamento ou droga em causar vício. Quanto maior a liberação de dopamina por um comportamento ou droga, maior a chance de compulsão.

O cérebro entende que, para haver equilíbrio, o prazer não pode ser maior do que o sofrimento. Isso quer dizer que, quando a gangorra se inclina para o prazer, fortes mecanismos de autorregulação começam a atuar do lado oposto (sofrimento).

Sofrimento e prazer

Mas, quando a gangorra vira para o lado do sofrimento, o peso do sofrimento parece maior que o do prazer. E agora, para mover a gangorra para o lado do prazer, é preciso um prazer maior. É preciso doses maiores e novas opções de prazer.

Dra. Anna afirma que “a ciência nos ensina que todo prazer exige um preço, e o sofrimento que se segue dura mais tempo e é mais intenso do que o prazer do qual ele se originou.”

“Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, aquele que vos chamou para sua glória eterna em Cristo, vos restaurará, vos firmará, vos fortalecerá e vos tornará inabaláveis.” (1 Pedro 5, 10)

Se nosso cérebro se autorregula, ele troca prazer por sofrimento. E se buscássemos o sofrimento para obter prazer?

Do sofrimento ao prazer.

Segundo Dra. Anna, o prazer é nossa recompensa pela dor. Por isso, é preciso encaixar o sofrimento como parte de nossa vida.

O exercício, por exemplo, causa aumento de temperatura e falta de oxigênio. Mas é preciso tomar cuidado para não ficar viciado em sofrimento. Uma pessoa pode ter uma microfratura ao correr. Ela pode continuar treinando, apesar da dor.

Contar a verdade pode ser doloroso, mas promove a honestidade e o domínio sobre nossas ações. A pessoa pode começar por uma confissão.

Jejum também é uma forma de sofrimento.

É importante não buscar o sofrimento para compensar o prazer. Se o objetivo é cortar um vício, essa não é a solução.

Como cortar um vício.

Dra. Anna ensina que, para cortar um vício, pelo menos 3 fatores são importantes:

  • Insight: ficar 4 semanas em abstinência de algo que deseja parar. “A abstinência reconfigura o circuito de gratificação do cérebro e, com ele, nossa capacidade de sentir alegria nos prazeres mais simples.” Ao final do período, avalie como está se sentindo. Dra. Anna alerta que, para pessoas com risco de abstinência fatal, é preciso uma redução gradual com monitoramento médico.
  • Compreensão: entender como funciona o cérebro e o sistema de recompensa. No momento de fraqueza e impulso, pode ser importante ajoelhar-se e rezar.
  • Vontade de mudar: é um processo. A pessoa deve contar a verdade, ser aceita e ter a empatia dos outros. Seguir as ações exigidas para mudar.

Encontrar equilíbrio requer paciência. Nada é permanente. Tudo exige manutenção.

Conclusão

Entender como o prazer afeta nosso cérebro nos dá um novo conhecimento. Essa compreensão pode nos ajudar a evitar excessos.

A prática de abstinência pode “reconfigurar” nosso cérebro. É comum fazer abstinência na quaresma. Voltaríamos a sentir prazer em momentos simples.

Em vez de fugir do sofrimento, podemos conviver com ele. Assim, teremos uma mente equilibrada.

“Empenhai a vossa honra em levar vida tranquila, ocupar-vos dos vossos negócios e trabalhar com vossas mãos, conforme as nossas diretrizes.” (1 Tessalonicenses 4, 11)

Que a paz de Jesus o sustente no sofrimento e o amor de Maria lhe guarde. 💙

Nos vemos no próximo sábado!

Forte abraço!