Olá, imparável. Salve Maria. Tudo bem?
Você já viu alguém questionando se um copo com água pela metade está meio cheio ou meio vazio? É uma pergunta típica para ver se você está olhando para o lado positivo ou negativo de uma situação.
Mas… e se o verdadeiro valor estivesse no simples fato de ter o copo?
A vida poderia ser bem mais tranquila se não estivéssemos sempre correndo atrás de mais e mais.
Mas por que isso acontece?
Parece que nada é suficiente.
Por que nada é suficiente?
O Padre Réginald Garrigou-Lagrange, no livro O Homem e a Eternidade, diz que os bens materiais são finitos por natureza. Isso significa que a satisfação que eles proporcionam também tem um limite.
Deus, ao contrário, é infinito. E, segundo Garrigou-Lagrange, o homem foi criado para amar a Deus.
Por isso, o ser humano traz em si um espaço feito para o Infinito.
Assim, tudo o que é finito — como os bens, as conquistas, o conforto — jamais poderá preencher esse espaço.
O resultado disso?
Mesmo sempre obtendo mais, sentimos um vazio que parece nunca ser preenchido... até o momento em que esse espaço é preenchido pelo próprio Deus — o Infinito.
Só quando esse vazio é preenchido por Deus é que encontramos repouso. Como escreveu Santo Agostinho em suas Confissões (Livro X), ao refletir sobre sua busca por Deus: “E eis que tu estavas dentro de mim, e eu fora, e lá eu te procurava.”
Por isso, aceitar o suficiente liberta; só Deus preenche.
O suficiente liberta.
No livro A Psicologia Financeira, Morgan Housel afirma que os ricos e poderosos parecem não ter um limite claro para o que é o suficiente.
Uma pessoa com 100 milhões aplicados, com rendimento de 0,81% ao mês (líquido), receberia R$1.100 por hora ou R$810 mil por mês. Mesmo assim, ainda pode sentir que precisa de mais — quer ser bilionária.
Nesse caminho, ao perder a noção do que é suficiente, ela pode se ver em uma busca desenfreada por mais, correndo riscos desnecessários ou até cometendo fraudes.
Não são só os milionários que podem passar por isso. Pessoas comuns também caem nessa armadilha sem perceber.
Trocar de celular todo ano, comprar roupas que ficam no armário com etiqueta, fazer passeios só para postar nas redes, trocar de carro porque o vizinho trocou. Tudo isso pode ser reflexo de alguém que ainda não entendeu o que é o suficiente.
Para Morgan, pessoas que já ganham o suficiente para cobrir tudo aquilo de que precisam e boa parte do que desejam podem se ver nessas situações:
Aumentar os ganhos e elevar as despesas: quem ganha mais e eleva proporcionalmente seus gastos perde a chance de sentir que está sobrando mais. Assim, sente que nunca tem o suficiente. Acabará definindo uma nova meta, que, para atingi-la, precisará arriscar mais.
Batalha da comparação social: a pessoa que começa a perceber que tem menos do que os outros ao seu redor pode ser tomada por insatisfação ou inveja. E nesse jogo, sempre haverá um novo referencial que a faz sentir-se menor.
Ilusão de que viver com o suficiente é perder oportunidades: diferente de um copo, cujo limite é visível, quando se trata de dinheiro, esse limite não é claro. O problema é que, quando a pessoa descobrir esse limite, pode levar ao arrependimento tarde demais, como estar atolada em dívidas ou esgotada física e mentalmente. “Nada justifica arriscar algo que você já tem e do qual precisa por algo que você não tem e do qual não precisa.”
Morgan ensina que ter o suficiente não quer dizer que você não pode ter mais. Ter o suficiente seria compreender que pode guardar, em vez de converter em coisas que podem ser vistas.
Muitos desejam ser milionários para poder gastar um milhão. Mas guardar, ter um milhão em ativos que ainda não se transformaram em coisas visíveis, é o que o protegerá quando o planejado não sair conforme o plano.
Conviver com o suficiente pode trazer benefícios, como:
Respeito e admiração pelo que você é, não pelo que você tem;
Mais controle sobre o seu tempo;
Humildade, resistindo ao instinto de se exibir.
Para Morgan, a ferramenta mais valiosa para ter o suficiente é o tempo. Com o tempo, o valor guardado cresce e torna-se suficiente para funcionar por você, sem colocar em risco aquilo que é inestimável.
Você já tem o suficiente para preencher o resto com Deus?
Conclusão
Buscar satisfazer todas as nossas vontades cria uma dependência constante do dinheiro.
Nunca teremos bens suficientes — sempre vamos precisar de mais dinheiro para adquirir mais bens.
Mas, quando nos contentamos com o suficiente e deixamos Deus preencher o restante, encontramos a verdadeira felicidade.
“Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes, porque ele próprio disse: Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei.” (Hebreus 13, 5)
Que a paz de Jesus preencha sua alma e o amor de Maria guie seus dias. 💙
Nos vemos no próximo sábado!
Forte abraço!